Pular para o conteúdo

A voz de quem?

Good ShepherdFui tomado por um sentimento de medo.

Um medo diferente.

Não o medo de ameaça sobre mim.

O medo da ameaça de mim.

Encontrei em João 10:24-28 o relato de uma conversa que Cristo teve no pórtico Salomão enquanto andava pelo templo.

Nela os judeus pedem para que Jesus declare de uma vez por todas se Ele é ou não o Messias.

Jesus responde que já deu claramente essa resposta, mas eles não entenderam e explica:

“vós não credes porque não sois das minhas ovelhas” (Jo 10:26 na Bíblia de Jerusalém).

“As minhas ovelhas escutam a minha voz e eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10:27, idem).

Jesus diz a esses religiosos profissionais que eles não podem crer nEle.

A explicação é que eles não Lhe pertencem.

“Não podem crer em mim porque não são meus, não estão comigo”(minha livre tradução).

“Não são de Deus”.

Mas como religiosos podem não ser de Deus?

Seria engraçado, não fosse triste.

Ora, se é possível ser religioso, devoto, “adorador”, frequentador do templo, estudioso da Bíblia e não ser de Deus… quanto do risco de ser assim eu estou realmente correndo?

A limitação dos judeus residia naquilo que criam.

Criam em outra coisa.

Criam que Jesus não era o Messias.

Criam que o Messias não seria como Jesus.

Criam que não viria de onde veio.

Criam, criam, criam em suas própria concepções.

Estavam fechados em seu preconceito.

Em seus conceitos.

Em seus métodos.

Em suas tradições.

Diferentemente, aqueles que tinham a mínima sensibilidade da presença de Deus era capaz de percebe-lo.

Aquele que conhecia ou nutria qualquer tipo de intimidade com Deus podia perceber Seu Filho.

Via claramente como quem vê a luz da aurora que Jesus em Suas obras, palavras e trato só poderia ser um enviado divino.

Reconheciam a voz de Deus nEle.

Porque não criam em sí mesmos e em suas próprias certezas.

Criam em Deus e faziam dEle sua certeza.

Não só conheciam a Deus como Jesus diz que Deus as conhecia de volta.

Numa clara alusão de que estes sim estavam constantemente na presença de Deus, por isso eram reconhecidos.

Me lembro então da mulher do fluxo de sangue.

Há 12 anos não ia ao templo por causa de sua doença.

E ainda assim, creu no Senhor Jesus e foi salva.

E curada.

Ela O reconheceu.

Enquanto aqueles que frequentavam o Templo, por mais que o observassem não podiam divisá-lo.

Essa noção tira da religiosidade qualquer segurança.

A segurança está em conhecer a voz de Deus.

A segurança está em uma intimidade com Ele a ponto de reconhece-Lo.

Podemos saber quando a voz é Sua e quando não é.

Quando a oportunidade a frente vem dEle ou quando não vem.

Quando estamos no caminho certo, ou quando tomamos um desvio.

Em humildade suficiente para abrir mão de nossas certezas, tranquilos de que não nos perderemos porque Ele não abre mão de nós (Jo 10:28).

Então seremos Suas ovelhas, Seus seguidores.

O perigo está numa religiosidade profissional.

Sem intimidade e conhecimento.

O perigo está em uma religiosidade de métodos e artificial.

O perigo está em uma religiosidade que entende o tradicional como o espiritual.

O perigo, por outro lado, também pode ser uma religiosidade que substitui o tradicional pela vanguarda.

Seja qual for o método, qual for a certeza, qual for o placebo, nada pode substituir uma intimidade com Deus.

Meu medo é veio quando pensei em minhas certezas.

Estou fazendo delas a minha religião?

Não sou um legalista.

Mas tenho feito da graça meu placebo?

Não sou tradicionalista.

Mas tenho feito da vanguarda minha falta?

Comecei este auto-exame que gostaria de dividir com você.

Minha vontade e decisão é ser “ovelha de Cristo”.

Propriedade Sua e não dos meus métodos, meus ideais, minhas concepções, minha religião.

Mais importante do que ler livros, pregar, administrar a Tua igreja, ou qualquer coisa que o valha, é ser intimo de Deus e Lhe conhecer a voz.

Que a minha certeza não seja a minha.

Fala comigo Senhor!

E que o meu eu se cale… Para que eu creia em Ti.