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Papo de Pastor – Mais Bíblia!

Nota: Esse post se originou de um conversa informal, entre Diego Ignacio Barreto e Matheus Cardoso (nessa sequência), que não foi planejada, muito menos pensavamos que  ela poderia se tornar um post.

 

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Diego Barreto

Matheus, sobre essa lição da Escola Sabatina dos profetas menores, desse trimestre: Essa eu vou estudar com gosto! rs

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Por quê?

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Ah, pq eu não estava tão animado ultimamente! Nos meus estudos diários, eu prefiro ler a Bíblia… Pelo menos essas ultimas, foi assim.

Essa me parece ser bem interessante mesmo. Inclusive combinou com meu estudo diário, pq tenho gasto os últimos dias estudando os profetas menores, coincidentemente.
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Legal! Eu também estou muito animado com a lição deste trimestre (mesmo sabendo que nem todas as igrejas vão aproveitar essa oportunidade). Desde a lição sobre Gálatas, eu tenho preferido lições sobre livros bíblicos. E a isso se une a minha atual paixão por teologia bíblica.

Eu sei que, para muitos, é difícil passar 3 meses estudando 6 capítulos (como foi com Gálatas). Mas esta lição vai estar bem “no ponto”: vão ser incentivados a ler o texto bíblico em si, capítulos inteiros, e não vai ser tão extenso e profundo.

Outro ponto é que será impossível que essa lição seja um “cliché”, porque em geral não se sabe nada de profetas menores – no máximo, de Jonas.

 Na verdade, é impossível haver um estudo da Bíblia chato ou cliché. Mesmo se a pessoa sabe quase tudo o que está na lição, existe um universo a se pesquisar. Mas muitos membros da igreja não sabem disso. Então, precisamos ajudá-los a descobrir isso.

 Sobre algumas lições passadas, eu vi uma realidade intrigante. E vários amigos de lugares diferentes me contaram que viveram a mesma coisa. Alguns nos perguntam na escola sabatina: “o que eu posso falar? Não tem mais nada pra se dizer”. Mas a verdade é que, para cada semana e muitas vezes para cada dia da lição, existem livros e mais livros, artigos, teses, falando do tema.

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hahahahah exatamente o que eu pensei sobre “cliché”!

Sim, vc tem toda a razão. O problema é que os irmãos ficam orbitando em volta do comentário do autor. E não se aprofundam no texto. O máximo é pesquisar na internet outros comentários de outros autores…

Eu tenho uma teoria sobre a escola sabatina, não sei se já falei com vc. Mas acho que ela virou um fim em si mesma e deixou de ser o que ela realmente deveria ser desde o começo. Um guia do estudo da Bíblia.

As pessoas fazem RPSP, ano bíblico, meditação matinal etc, além da lição, pq não entendem que ela (a lição) deveria ser o verdadeiro RPSP, ou Ano bíblico, ou a meditação bíblica ou as 40 madrugadas.

E por faltar essa consciência elas acham que estudar a lição não equivale a estudar a Bíblia. E de certa forma, a maneira como o fazem, realmente não é. Porque tudo gira em torno dos comentários do autor da lição e não do texto bíblico em sí.

Ninguém lê os “textos da semana” apresentados na introdução da lição que são os textos-chave do estudo semanal. De onde se tirou tudo o que a lição diz, e é exatamente a parte que deveríamos refletir.

Os irmãos dizem: Eu não sei estudar a Bíblia. COMO? São anos fazendo lição da escola sabatina e ainda não sabem ler e estudar a Bíblia?!?! Não. Pq? Pq é tudo no be-a-ba do comentarista. Ninguém se apega ao texto e tenta entende-lo. No sábado eles ficam discutindo e argumentando em torno do que disse o autor! O AUTOR! Jesus! E não ocorrem diálogos em torno da narrativa bíblica da semana.

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Tudo perfeito!!!

“ela virou um fim em sí mesmo e deixou de ser o que ela realmente deveria ser desde o começo. Um guia do estudo da Bíblia.”

Existe uma expressão muito comum e aparentemente inofensiva, mas que revela a ponta de um iceberg terrível: “Senhor, nos abençoe agora que vamos recapitular a lição”. Recapitular? E ainda: a LIÇÃO? Não, nós deveríamos discutir o que cada um aprendeu estudando a Bíblia nessa semana.

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hahahahah exatamente: “Recaptular a lição!” Senhor!!!!

Exato!

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A lição é um guia e principalmente um incentivo para o estudo da Bíblia. Mas, como vc disse, ela se tornou um fim em si mesma.

“Tudo gira em torno dos comentários do autor da lição e não do texto bíblico em sí.”

Perfeito!

 Sobre comentários:

Muitos estudam a lição buscando “comentários de Ellen White”. Não, gente, não existem “comentários de Ellen White”. E nós não precisamos tanto de mais Ellen White; precisamos de mais Bíblia e aprender a estudá-la.

 “São anos fazendo lição da escola sabatina e ainda não sabem ler e estudar a Bíblia?!?!”

Eu postei no blog Missão Pós-Moderna alguns textos do Jon Paulien sobre estudo da Bíblia.

Isso é muito sério. Mesmo antes do batismo, é assim que se “estuda” a Bíblia. Daí eu fico pensando: ninguém lê Crepúsculo deste jeito: Vamos ler a página 198; agora, a p. 39; agora a p. 517; para terminar, vamos ler a p. 1.

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Cara, eu preciso de tempo pra conseguir ler mais coisas do Jon Paulien. Rs

Eu vou tentar dar esse ano um curso pros meus professores de Escola Sabatina e explica-los essas idéias, pra eles começarem a estudar o texto Bíblico e incentivar os outros. Os comentários do autor eram pra ser facilitadores, viraram muletas!

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Outra coisa: a classe da escola sabatina nas igrejas, na verdade, é o seguinte: quase ninguém lê nem sequer a lição, muito menos os textos bíblicos e seus contextos. Então, o estudo acaba sendo assim: o assunto é a promessa a Abraão, Gl 3:1-9. Ninguém vai discutir Gl 3:1-9. Vão falar TUDO o que sabem (que é bem pouco) sobre a história de Abraão, como ele era lindo, como a fé dele era incrível em sacrificar Isaque etc.

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hauahuahua, vou salvar essa conversa pro meu treinamento! kkkk é exatamente isso!

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hahaha

Me passa os materiais, se vc preparar.

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blz!

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Sabe, muitos jovens têm preocupações semelhantes. Vc sabe melhor do que eu. Mas, em muitos lugares, a coisa ainda está engatinhando. Muitos querem se livrar de amarras periféricas tradicionais, picuinhas que impedem a igreja de avançar. Mas também estão cansados de somente shows, oba-oba, água com açúcar. Querem conteúdo bíblico mais sólido e, ao mesmo tempo, contextualizado. Mas existe uma coisa curiosa em todo o Brasil. Muitos visitam a Nova Semente para pegar “umas ideias” de “programas”. (Mesmo membros da Nova Semente já me contaram isso.) Não, não é de “programas” que precisamos, mas de renovação da mente.

 Às vezes achamos que, para tornar a igreja relevante e cumprir a missão, tudo o que precisamos é ter uma renovação na liturgia: um louvor mais contemporâneo, bateria, encenações. Claro que tudo isso é importante, mas precisamos muito mais do que “mudanças estéticas”.

E a pergunta é: como uma igreja, líderes jovens, podem descobrir o quê e como se pode mudar? Como se pode ter um verdadeiro reavivamento e reforma? O máximo que se consegue fazer é reunir umas pessoas e cada um dar sua opinião (que é pouco mais que achismo). Tudo o que muitos jovens conhecem é livros da CPB e, no máximo, videozinhos do Rob Bell (que são bons, mas insuficientes).

Parece que somos não apenas alienados do mundo, mas também da igreja. Não temos ideia dos estudos e projetos oficiais da igreja sobre essas questões. Muitos líderes da igreja, desde projetos e publicações da Associação Geral, têm as mesmas preocupações e querem que a igreja avance, em vez de retroceder para usos e costumes. Mas todas as dúvidas e perplexidades que os jovens têm e percebem ser crises mais amplas, eles não sabem nem sequer onde podem encontrar soluções.

 Esses dias eu te falei da leitura da Bíblia nas igrejas. Não só em uma ou outra, mas em geral. Parece estar se tornando popular o costume de o pastor dizer no sermão: Vamos ler rapidamente tal texto. E, além disso, o texto é 3, 4 versos.

Ênfase no “rapidamente”. rsrs

Como ler a Bíblia “rapidamente”? O que mais o pregador pretende fazer no sermão?

Já que a maioria não conhece nem os poucos materiais e publicações que são distribuídos no Brasil, todo o conteúdo que os membros (mesmo os estudiosos) conhecem é… bem, nada. A TV Novo Tempo tem sido um oásis no deserto diante de tudo isso. Quase todas as ideias boas que ouvimos na igreja vêm nitidamente da TV Novo Tempo.

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É verdade.

Entendo perfeitamente o que vc está dizendo. Por isso acho que temos que discutir precisamente isso que estamos discutindo aqui em público (o BibleCast é um exemplo, mas podemos criar outros métodos). Pq a verdade é que faltam 2 coisas básicas. 1) Cristo e 2) Pastores (guias discipulados por Cristo que fazem novos díscipulos, e não me refiro a pastores como função denominacional). Entende?

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Sim, perfeito.

 Esses dias eu vi no Instagram a foto de uma biblioteca pessoal, com livros do John Stott e outros ótimos. Numa fração de segundo pensei que fosse de um líder jovem. Mas não, era do pastor. rsrs

Tudo o que os anciãos e os membros estudiosos da igreja conhecem é lição, Ellen White e alguns livros da CPB.

Eu estou falando mais de estudo, mas claro que isso não é tudo. Mas é o que, na teoria, mais valorizamos.

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Sim, entendo.

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Lendo o Paulien (como sempre rsrs), eu estava pensando:

 Muitas vezes se diz que devemos estudar a Bíblia, orar e testemunhar. (Estava vendo uns textos de um pastor famoso e, trocando em miúdos, essa era a receita para se livrar até das tendências homossexuais.) Claro que isso é o bê-á-bá. Mas o fato é que nem isso nós ensinamos aos membros. Não se sabe estudar, interpretar a Bíblia. Nem orar para se ter uma comunhão profunda e viva com Deus. E testemunhar é distribuir livros e dar estudos bíblicos. Mas mesmo isso, não fazemos.

 Não é fácil. hahaha

Ouvindo o BibleCast (rsrs) e muitos outros materiais, se vê que a Bíblia, o cristianismo são tão mais fantásticos. Eu fico pensando: se a gente apresentasse aos jovens o que realmente é Bíblia, o que realmente é cristianismo, o que realmente é adventismo, eles iriam vibrar. A mensagem bíblica é muito mais fascinante que qualquer outra coisa que possamos imaginar ou criar.

Mas já desabafei demais por hoje. rsrs

É bom esclarecer: eu tenho pensando muito pouco em tudo isso, senão ficamos doidos. rsrs

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é verdade… eu tb evito pensar em tudo isso.